segunda-feira, 16 de junho de 2008

Fichamento do texto nº 9 - VICENTINI

Fichamento do texto nº 9

“Os acontecimentos no mundo têm reforçado a importância da reflexão sobre o neonazismo e a extrema direita. A preocupação ao abordar esse tema, não se restringe à idéia de um movimento político em si, ou a questões exclusivamente de origens sociais, éticas ou filosóficas ligadas a essa temática, mas sim contribuir a partir de uma dimensão histórica, principalmente calcada nos problemas internacionais, que estão por detrás desse ressurgimento, já que, infelizmente, esse é um fenômeno que não está conhecendo fronteiras no mundo inteiro.”

Assim se inicia o trabalho de Vicentini, que tem como objetivo analisar a expansão e a conseqüente aderência ao movimento por uma série de seguimentos de direita ao redor do mundo

Sendo o fascismo uma resposta ao liberalismo da década de 1920, sua convivência com o socialismo e o temor ao avanço deste nas democracias ocidentais era acreditado como sendo uma possível “barreira” para o avanço daquele.
Contudo o movimento de extrema-direita não foi destruído completamente em 1945, tanto que países como Espanha, Portugal e Grécia continuaram com regimes de perfil semelhante no poder.
Apesar da derrota fascista na segunda guerra, a máxima histórica de que “nada que uma vez houve na história não deixa raízes para a posteridade” também se faz presente neste caso.
Durante a guerra Fria, muitos colaboracionistas – fascistas ao capitalismo - se esconderam na bandeira da solidariedade anticomunista. Personalidades nazistas foram úteis pelo seu conhecimento técnico na Guerra Fria. O fascismo sobreviveu fragmentado por anos, desempenhando algumas tarefas complementares, como o ocorrido com a organização paramilitar Gladio.

Com o avançar do tempo, e a chegada dos “anos dourados”, as décadas de 1950/60 na Europa, a política se viu em uma crise, proporcionada pelo desinteresse e acomodação popular, devido à prosperidade econômica. Em meio a esse processo de ostracismo, a juventude dos partidos de extrema-direita, não contemporâneos a desnazificação.

O fascismo, mais especificamente o nazismo, ressurge nos fins do séc. XX contagiando principalmente a juventude européia que, de certa forma, não possui identidade próprias. Em uma Europa em meio à crise internacional do petróleo – de 1973 – e, em termos políticos, com uma série de revoluções apoiadas pela União Soviética eclodindo nos países “de terceiro mundo”, de temor exacerbado. Somando-se a isso, a emigração à Europa de latinos e africanos para suprir ao baixo nível de mão-de-obra disponível no continente, tem-se o panorama necessário para o renascimento de movimentos xenófobos e, de modo geral, o neonazismo.

O surgimento do movimento evidencia o renascimento, ou melhor, o restabelecimento da extrema-direita na Europa. O medo, aliado a ignorância geraram o processo que deve ser detido antes que culmine na repetição da tragédia ocorrida no século passado.

BIBLIOGRAFIA:

VIZENTINI, Paulo F. “O ressurgimento da extrema-direita e do neonazismo: a dimensão histórica e conceitual”. In.: Neonazismo, negacionismo e extremismo político. Porto Alegre: Ed. da Universidade, 2000. p. 17-46.

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