O texto nº II, do livro, “A anatomia do fascismo” de Robert O. Paxton – capítulo 1: “Introdução”, pode ser dividido em três partes. Estas são analisadas nas próximas linhas.
Em 1895 Friederich Engels escreve que “Se a crescente votação socialista continuar assim, ao final deste século, nós teremos conquistado a maior parte dos estratos médios da sociedade os pequenos burgueses e os camponeses transformando-nos na força decisiva do país” e ainda diz mais que “Os conservadores já haviam percebido que a legalidade trabalhava contra eles. Ao contrário nós, sob essa legalidade adquirimos músculos rijos, faces rosadas, e a aparência de vida eterna (...)”.
Após a citação do texto de Engels, entretanto, Paxton expõe que, na realidade o que se viu foi o movimento de reação da alta burguesia sendo aceito por grandes massas populares que passaram a apoiar, cada vez mais – em determinados países - um discurso que evocava as raízes nacionalistas.
Alguns meses após a reunião de Milão um escritório de um jornal socialista – o Avanti – é invadido pelos fascistas e resulta em mortos e feriados, além da destruição de equipamentos.
Três anos depois, através do apoio popular, Mussolini e o fascismo chegavam ao poder na Itália. Onze anos depois, na Alemanha. E mais seis anos se passam até que Hitler inicia o maior conflito bélico da história da humanidade.
Muito antes dos fascistas terem chegado ao poder, os marxistas já tinham definido este como “o instrumento da grande burguesia em sua luta contra o proletariado (...)”. Ao longo dos anos o fascismo, exaltou o ódia e a violência em nome do nacional, e mesmo assim atraiu intelectuais de prestígio, estadistas, empresários, artistas e profissionais.
Outra característica fundamental do fascismo é o seu caráter anticapitalista e antiburguês. Atacavam o “capitalismo financeiro internacional” quase com a mesma força que atacavam os socialistas. Chegaram até a ameaçar com expropriação os donos de lojas de departamentos em favor dos artesãos nacionalistas. Entretanto, essas ameaças anticapitalistas não foram cumpridas quando os fascistas chegaram ao poder.Contudo, é importante salientar – como está no texto – que era seletivo discurso anticapitalista fascista. Ao passo em que atacavam o capital especulativo transnacional, defendiam a propriedade privada nacional, sendo esta a base de uma sociedade revigorada. De uma forma mais profunda, rejeitavam a interpretação histórica de que “as forças econômicas são o motor básico da história”. Uma vez no poder, os regimes fascistas confiscaram as propriedades apenas de seus opositores políticos, dos estrangeiros e dos judeus.
O fascismo surgiu na Itália em 1919 como uma “terceira-via”, sendo contra o capitalismo, e com ainda mais força, contra o socialismo. E assim sempre se manteve, de uma forma ambígua, vagando entre a direta e a esquerda sem nunca estar fixado em um ponto. O ápice da reação fascista ao mapa político definido em relação às esquerda e a direita foi alegar que eles o haviam tornado obsoleto, não sendo “nem de direita nem de esquerda”, havendo transcendido essas divisões arcaicas e unido a nação.
Na terceira parte do texto, o fascismo é apresentado como uma “invenção nova”, criada do zero para a era da política de massas. O fascismo não se baseia num sistema filosófico complexo, e sim no sentimento popular sobre as raças superiores, a injustiça de suas condições atuais e seu direito de predominar sobre os povos inferiores. O fascismo substitui o debate ponderado pela experiência sensorial imediata, transformando a política em estética. Os fascistas odiavam os liberais tanto quanto os socialista, não pelos mesmos motivos, mas pelos primeiros serem como um cúmplice destes, uma vez que a internacionalização era o inimigo, a aplicação estrangeira do capital, era uma forma de agir a favor deste inimigo.
Bibliografia:
PAXTON, Robert O. A anatomia do fascismo. São Paulo, Paz e Terra, 2007. Capítulo1: p.13-49